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Cota de agosto – Um tom a mais

31 ago 2021 • Thalita Azevedo

Sem dúvida os níveis de utilização da Amafresp estão mesmo nos patamares de antes da pandemia. Com exceção de maio, desde abril temos observado uma estabilização da curva. Mantido esse nível, o valor médio da cota continuará na casa dos R$ 600,00.

Segundo o que os especialistas do mercado estão dizendo, estamos no início de um fluxo de atendimento reprimido e que virá com bastante força até o fim do semestre e início do próximo ano. Por isso, precisamos estar preparados para a possibilidade de aumento nos custos assistenciais. Preparados sim, mas conformados não.

Não temos a constatação de que esse aumento de demanda de atendimento tenha chegado na Amafresp nos patamares previstos pelo mercado. Por isso, vamos persistir nas medidas que criam uma nova postura de utilização dos recursos, incluindo o uso racional do plano de saúde e o início do serviço de cuidado integral da saúde, cuidando mais de perto das doenças crônicas e orientando de forma personalizada todos os filiados.

Estamos nos preparando, também, para abrir um diálogo com os colegas, agradecendo diretamente aqueles que junto com seus dependentes e agregados, se mantém na média saudável de utilização da Amafresp. E avisaremos aqueles que estão com a utilização acima dessa média. Por exemplo, se consideramos todas as terapias realizadas em 2019, a média de uso na Amafresp foi de 27,7 seções por filiado. Pois bem, 1700 filiados ficaram acima dessa média. Outro exemplo, em relação aos exames, a média de utilização em 2019 foi de 39,04, sendo que 6805 filiados ficaram acima da média.

Além disso, esperamos os resultados iniciais do recrudescimento dos procedimentos de auditoria médica que temos promovido. Em alguns poucos casos, os filiados podem reclamar, mas é necessário. Temos experimentado redução nos desperdícios e nas cobranças contestáveis.

Dito isso, comunicamos que o valor da cota a ser cobrada em agosto será de R$ 610,00. Conforme temos feito todo mês, passamos a explicar os custos efetivos do mês que passou, com o valor real da cota, e a previsão do mês corrente.

COTA REAL DE JULHO

O mês de julho foi novamente um mês de alta, superando a média do período em 10,58%. Em comparação com o mês de junho há uma pequena redução de 1,87%, lembrando que junho foi o mês mais alto da série histórica.

Como acontece em todos os meses as internações representam o maior volume das despesas, porém apresentaram uma redução de 4 (quatro) pontos percentuais em relação ao mês anterior:

Portanto, está nas internações os custos mais representativos de julho, que apesar da redução de 8,86% (R$ 1.149.090,81) em relação ao mês anterior, ainda permaneceram acima da média em 7,59%.

Nosso resultado poderia ter sido melhor com a redução nas internações, entretanto, identificamos aumentos nas Consultas (R$ 114 mil), nos Exames (R$ 483 mil) e nas Quimioterapias e Radioterapias (R$ 391 mil) que prejudicaram o resultado.

A quantidade de internação apresentou uma pequena redução em relação ao mês anterior 2,15% e ficou 4,78% abaixo da média do período. Como podemos observar o aumento no custo assistencial não teve relação direta com a quantidade de internações. Entretanto, podemos observar que o valor, apesar da redução em relação ao mês anterior (8,86%), permaneceu acima da média do período em 7,59%. Dessa forma, concluímos que o custo com cada internação permanece mais alto.

Como relatamos nos informes anteriores, a UTI é um dos fatores que encarecem as internações. Em julho ela apresentou uma redução de 10,79% em relação ao mês de junho, que foi um mês de alta utilização das UTIs. Contudo, ainda que a redução foi importante e teve influência na redução do custo em internação, ela permanece 4,61% acima da média do período. Portanto, podemos afirmar que, mais uma vez, as UTIs determinaram as variações dos custos nas internações.

Quanto aos exames, em quantidade, aumentaram 13,26% em agosto em relação a julho e 12,42% acima da média do período. O valor acompanhou o aumento, 17,01% em relação ao mês anterior e 20,70% acima da média do período. Como observamos os percentuais dos valores foram superiores as quantidades, portanto além de maior número eles ficaram mais caros.

Apuramos os principais tipos de exames e identificamos que o aumento ocorreu em todos, exceto Tomografia. Os destaques foram os exames de Ressonâncias e as Análises Clinicas, que apresentaram os maiores volumes da série histórica. Os materiais e medicamentos são insumos utilizados na realização dos procedimentos, portanto é esperado que aumentem na medida que os exames aumentem.

Na Análises Clínicas identificamos um aumento em relação ao mês anterior, foram 10,90% e 16,62% da média.

Na Ressonância o aumento foi de 125% maior que o mês anterior e 93,08% acima da média. Aqui demonstra o aumento dos custos, pois Ressonância é um dos exames mais caros. Entre as principais Ressonâncias destacamos Articulações, Coluna e Pelve, demonstrando um comportamento de demanda represada dos principais exames diagnósticos.

As Consultas, em regra, quando apuramos aumento nos exames podemos afirmar que haverá aumento nas consultas. Estes procedimentos são relacionados e consequentes. Em julho constatamos um aumento de 10,96% em relação ao mês anterior e 11,02% em relação à média. Na quantidade o aumento foi de 13,01% em relação ao mês anterior e 8,46% em relação à média.

Quanto as quimioterapias e radioterapias, em julho, identificamos um aumento no custo com Quimioterapia. Foram 40,47% em relação ao mês anterior, mas ressaltamos que junho foi um mês de baixa, e 15,16% em relação a média do período. Na quantidade de pacientes também identificamos aumento. Foram 48,89% acima do mês anterior e 20% acima da média.


No entanto, como sempre informamos, Quimioterapia e Radioterapia é um custo que possui grande variação, pois depende do ciclo do tratamento que o paciente está realizando e das medicações que fazem parte deste ciclo. Outra informação relevante é que os medicamentos representam em torno de 80% das despesas. Como apuramos no gráfico abaixo, em julho, houve um aumento no custo dos medicamentos de 17,10% acima da média do período. Julho só ficou atrás de abril que tivemos o represamento de faturamento de um dos nossos prestadores.

Abaixo a lista com os 15 medicamentos mais caros do mês de julho:

MedicamentoSinistro
DALINVI145.716,87
KEYTRUDA133.818,02
AVASTIN98.359,14
OPDIVO78.885,57
REVLIMID53.120,29
CYRAMZA49.740,00
PERJETA47.905,43
KYPROLIS47.172,72
TECENTRIQ44.609,22
HERCEPTIN33.462,34
CAMPTOSAR31.721,72
VECTIBIX27.791,04
KADCYLA25.774,20
ONTAX22.551,56
YERVOY21.298,61

Em relação ao Pronto Socorro, identificamos uma tendência de mudança de comportamento na utilização Acreditamos que o acesso a Telemedicina e uma melhor conscientização dos usuários do risco x benefício na procura deste tipo de atendimento podem ter produzido a mudança. A Amafresp tem feito campanhas informativas sobre o uso consciente dos serviços da Amafresp e destacamos o assunto, portanto sugerimos assistir no nosso site os vídeos n.º 4 e 6. 

O mês de julho apresentou um aumento no Pronto Socorro de 12,54% em relação ao mês anterior, que ressaltamos foi um mês de baixa na série histórica, porém 3,77% acima da média do período. Nas quantidades o aumento foi de 8,82% em relação ao mês anterior, mas 0,31% acima da média.

Quanto aos efeitos do Covid-19, identificamos que os exames relacionados a ele ainda apresentam uma quantidade importante, porém percebemos uma redução nos exames de Tomografia de Tórax.

Concluímos, portanto, que há uma retomada acelerada da utilização dos serviços de diagnósticos, com um aumento expressivo dos principais exames, fator esse, que foi determinante para a elevação da cota em julho, cujo valor real foi de R$ 612,66.

PREVISÃO DA COTA DE AGOSTO

A previsão do valor para cota de agosto foi de R$ 659,05.  Destacamos, que, mais uma vez, esse aumento não será repassado aos filiados no valor da cota a ser cobrada em agosto (R$ 610,00). Portanto, faremos novamente um resgate no fundo de reserva da Amafresp, conforme tabela abaixo:

OBS 1: Custo e Cota Real de agosto teremos no início de setembro

Passamos então a explicar a previsão de R$ 659,05 para agosto. Verificamos que as internações tiveram um incremento em torno de 5% em relação a julho, incrementando o valor da cota em cerca R$ 700.000,00, sendo que em julho fechou em R$ 13.375.964,48 e em agosto R$ 14.080.550,70. Quando observamos as dez internações mais caras em agosto, verificamos que elas diferem pouco das dez mais caras de julho, ficando até um pouco menor, conforme tabela abaixo:

PacientesjunhoJulho
1R$ 401.438,54R$ 527.337,94
2R$ 383.223,94R$ 396.159,78
3R$ 311.104,95R$ 330.388,01
4R$ 305.285,63R$ 280.872,95
5R$ 302.909,20R$ 260.653,83
6R$ 273.728,02R$ 223.712,04
7R$ 263.076,58R$ 221.808,88
8R$ 249.881,20R$ 218.856,71
9R$ 249.353,56R$ 217.754,87
10R$ 243.658,78R$ 174.993,80
TOTALR$ 2.983.660,40R$ 2.852.538,81

Portanto, diferentemente dos outros meses, o aumento de 5% nas internações não está nos eventos mais custosos. Ocorre que, na média geral, elas ficaram 5% mais caras em agosto em relação a julho.

Em relação aos demais custos assistenciais, observamos um aumento de 13% em agosto em relação a julho, o que representa um adicional de R$ 33,00 no valor da cota. Em julho eles somaram R$ 8.829.565,51 e em agosto R$ 9.993.638,00, conforme tabelas abaixo:

 julhoagosto
ambulatórioR$ 8.829.565,51R$ 9.993.638,00
internaçãoR$ 13.375.964,48R$ 14.080.550,70
Total GeralR$ 22.205.529,99R$ 24.074.188,70

Importante frisar que no custo total da tabela acima não estão computadas as glosas (faturamentos não recebidos ou recusados nas organizações de saúde, por problemas de comunicação entre clínicas e convênios), que entram como receita no cálculo na cota e, portanto, diminuem o custo final.

Quanto a compra de materiais e medicamentos em julho somaram R$ 1.006.244,80 e em agosto temos a previsão de pagamento de R$ 1.086.751,75, sendo que em agosto tivemos a compra de um medicamento (SPINRAZA) de alto custo, devido a uma liminar, cujo valor foi de R$ 341.598,16, o que represente praticamente R$9,60 em cada cota.

Em julho recebemos R$ 2.033.555,45 em receita de reciprocidade, enquanto que, em agosto, temos a previsão de recebimento de R$ 2.523.015,23. Quanto as receitas de coparticipação e franquia recebemos R$ 152.157,09 em julho e em agosto temos a previsão de receber R$ 39.501,70.

No cálculo final, para chegar ao custo e assim ao valor na cota, entram, ainda, a despesas com Reembolso, taxa de administração e algumas outras despesas gerais que são devolução de cotas, depósito que a Afresp faz em juízo, de 4% do valor do Cofins, referente às aplicações financeiras, como investimentos do recurso Amafresp (fundo de reserva, fundo da ANS, etc.) que, em agosto, são respectivamente R$ 150.000,00; R$ 1.571.841,51 e R$ 15.000,00. Entra também, a receita com Compensação de INSS que é de R$ 165.000,00.

No cômputo geral, em agosto a previsão é de que teremos um aumento no valor da cota na ordem de R$ 46,39 (cota real de julho R$ 612,66 e cota prevista para agosto R$ 659,05), sendo que a previsão é de um aumento do custo total em torno de R$ 1.694.000,00.

Para finalizar, não vamos abandonar a postura de gestão no sentido do rigor do controle da rede credenciada e da conscientização do uso.

Mas vamos ter que aumentar um tom. Se nos próximos meses não obtivermos o resultado do início da redução do patamar da cota, chamaremos a classe para um debate sobre as medidas de natureza mais limitadora, tanto em relação ao uso pessoal, quanto ao tamanho da rede. Quanto menor a rede, maior o alcance do nosso controle, bem como garantia de maior faturamento para a rede resultante, o que pode significar menores preços.

Vamos intensificar nos próximos meses as divulgações que mostram as diferenças de custo médio entre os prestadores, notadamente os hospitais.