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Cota de setembro – Missão achatar a curva

08 out 2021 • Thalita Azevedo

Confirmando nosso relatório anterior, os níveis de utilização estão aparentemente estabilizados nos padrões anteriores à pandemia. Isso significa um patamar de valor de cota perto de R$ 600,00.

Independentemente do que os especialistas do mercado de saúde dizem – de que estamos ainda dentro de uma curva ascendente de utilização em função do fluxo reprimido devido à pandemia -, essa situação não nos conforta e os filiados desejam, aliás, mais do que desejam, precisam que o valor do patamar da cota seja reduzido em pelo menos 20%. É nesse sentido que a Amafresp estará se movendo.

Aumentar o tom, conforme o título do relatório anterior, significa chamar a classe para um diálogo sobre medidas sistêmicas de prevenção e de orientação, que permitam criar uma postura de utilização dos recursos, incluindo o uso racional do plano e o cuidado integral da saúde e das doenças crônicas de forma personalizada, envolvendo também a redução do tamanho da rede e a limitação de uso pessoal. Tudo isso sem que se perca a essência do nosso plano, que são os princípios da liberdade de escolha e do rateio. Pois bem, já iniciamos esse processo, ainda no plano do Conselho Deliberativo. Depois das análises do Conselho, apresentaremos para todos os associados.

Sempre lembrando que temos recrudescido os procedimentos de auditoria médica e de compra de materiais e medicamentos. Em alguns poucos casos, os filiados podem reclamar, mas é necessário. Temos experimentado redução nos desperdícios e nas cobranças contestáveis.

Dito isso, comunicamos que o valor da cota a ser cobrada em setembro será de R$ 610,00. Conforme temos feito todo mês, passamos a explicar os custos efetivos do mês que passou, com o valor real da cota, e a previsão do mês corrente.

COTA REAL DE AGOSTO

O mês de agosto foi o mais alto da série histórica, superando a média do período em 12,96%. Em comparação com o mês de julho aumentou 5,54%.

As internações continuam representando o maior volume das despesas, porém apresentaram uma redução de 2 (dois) pontos percentuais em relação ao mês anterior, principalmente pelo aumento dos atendimentos ambulatoriais:

Os impactos mais representativos de agosto foram:

  • Exames: R$ 792 mil acima da média do período e R$ 368.494,15 maior que o mês anterior;
  • Internações com R$ 776 mil acima da média do período e R$ 222 mil acima do mês anterior;
  • Compras Médicas: R$ 288 mil acima do mês anterior e R$ 234 acima da média; e
  • Quimioterapia e Radioterapia: R$ 115 mil acima do mês anterior e R$ 290 mil acima da média.

A quantidade de internação apresentou uma pequena alta de 1,97% em relação ao mês anterior, mas permaneceu 4,28% abaixo da média do período. O custo subiu proporcionalmente à quantidade de internações, sendo 1,72% em relação ao mês anterior e um pouco mais alto que a média, em 6,26%.

Em agosto, identificamos que as Diárias de UTI não foram determinantes para o aumento dos custos, pois ficaram abaixo do mês anterior e da média do período.

Contudo, identificamos dois indicadores que demonstram aumento e uma tendência de alta: materiais e medicamentos, e pacotes. O primeiro é decorrência dos aumentos do dólar, a falta de insumos e da inflação que gerou um aumento direto nos insumos. Já nos pacotes identificamos uma tendência de demanda reprimida dos procedimentos cirúrgicos, onde os pacientes que prorrogaram seus atendimentos durante a pandemia estão realizando os procedimentos agora.

Para confirmar o aumento dos procedimentos cirúrgicos, apuramos os dados isoladamente por procedimentos e dentro dos pacotes. Como podem observar é evidente que este item apresentou uma tendência de aumento que tem influenciado o aumento de custo da Amafresp:

No que ser refere aos exames, verificamos que eles foram o grande vilão desse mês na cota. Na quantidade, o aumento foi de 11,75% em relação ao mês anterior e 19,40% em relação à média do período. Para os custos, o impacto foi 19,40% em relação ao mês anterior, que já foi um mês de alta, e 27,36% em relação à média do período. Esse mês foi o maior da série histórica. Esses indicadores demonstram que o aumento no custo está relacionado ao aumento no uso:

Quando analisamos as compras médicas, que são todas as compras, feitas pela Amafresp, de medicamentos a órteses, próteses e materiais especiais (OPMES) utilizados nos procedimentos cirúrgicos, verificamos que o mês de agosto apresentou um valor expressivo em relação aos meses anteriores, sendo que os medicamentos foram o item mais relevante:

Importante salientar que, em muitos dos casos, a Amafresp faz direto as compras dos OPMES. Para isso, são realizadas cotações junto a fornecedores na tentativa de conseguirmos melhores preços quando comparados às compras realizadas pelos hospitais, sendo que temos obtido êxito na maioria das vezes. Essa é uma importante medida, pois acarreta em redução no valor final da internação e por consequência no valor da cota.


Os medicamentos mais caros das compras deste mês foram:

SPINRAZA 2,4MG 01 AMP 5MLR$ 341.598,16
ALECENSA 150MGR$ 57.930,88
IMBRUVICA 140 MG C/ 90 CPSR$ 54.666,30
ZYTIGA 250 MGR$ 36.118,87
STELARA 45MGR$ 25.331,06
XTANDI 40 MGR$ 24.052,00
GLIVEC 100MGR$ 19.211,61
VERZENIOS 50MG 30CPDS REV.R$ 19.058,28

Em agosto, identificamos um aumento no custo com quimioterapia de 8,51% em relação ao mês anterior e de 24,47% em relação à média do período. A quantidade de paciente atendidos apresentou uma redução de 3,08% em relação ao mês anterior, mas de 15,21% acima da média do período.

Como sempre informamos, quimioterapia e radioterapia é um custo que possui grande variação, pois depende do ciclo do tratamento que o paciente está realizando e das medicações que fazem parte desse ciclo. Outra informação relevante é que os medicamentos representam em torno de 80% das despesas.

Abaixo a lista com os 15 medicamentos mais caros do mês de agosto nas quimioterapias:

Procedimento Sinistro Total
DALINVI178.262,36
KEYTRUDA167.850,48
CYRAMZA85.210,00
AVASTIN73.650,63
KADCYLA51.551,32
KYPROLIS47.172,72
YERVOY38.002,70
OPDIVO36.706,56
ALIMTA34.732,40
PERJETA32.058,86
TAXOTERE29.451,66
HERCEPTIN26.225,04
REVLIMID24.370,29
CAMPTOSAR23.993,80
ERBITUX23.400,00
TOTAL872.638,82

Em agosto, percebemos um aumento importante na utilização de pronto-socorro. Foram 11,51% a mais em relação ao mês anterior e 8,6% acima da média do período. Na quantidade, o comportamento também foi de aumento, com 13,91% a mais em relação ao mês anterior e de 9,16% em relação à média do período, confirmando que o aumento do custo é decorrente da maior utilização dos associados.


Mesmo com o aumento constatado nesse mês, podemos afirmar que o comportamento de uso de pronto-socorro está diferente do ano anterior, como podemos observar no comparativo entre os períodos. Importante destacar que desde o início da pandemia, em março de 2020, a Amafresp disponibilizou a Telemedicina e houve uma redução na procura dos serviços, fato que comprova o que sempre dissemos e publicamos na campanha de uso consciente: a ida ao pronto-socorro, na maioria dos casos, é desnecessária e deve ocorrer somente para casos de urgência ou emergência, ou seja, em casos que não seja possível aguardar uma consulta agendada. Também é mais saudável para o paciente, uma vez que os prontos-socorros reúnem um grande número de pessoas com problemas de saúde, deixando o paciente exposto a um risco maior de contrair uma doença infectocontagiosa.

Portanto, concluímos que há uma retomada acelerada da utilização dos serviços de diagnósticos e das internações motivadas por tratamento cirúrgico, gerando uma elevação da cota, cujo valor real foi de R$ 635,64.

PREVISÃO DA COTA DE SETEMBRO

A previsão do valor para a cota de agosto foi de R$ 624,58. Destacamos, que, mais uma vez, esse aumento não será repassado aos filiados no valor da cota a ser cobrada em agosto (R$ 610,00). Portanto, faremos novamente um resgate no fundo de reserva da Amafresp, conforme tabela abaixo:

OBS 1: Custo e Cota Real de setembro teremos no início de outubro

Passamos então a explicar a previsão de R$ 624,58 para setembro.

O custo assistencial de setembro teve uma redução em relação a agosto no valor de R$ 978.161,60, sendo que em agosto fechou em R$ 23.442.853,90 e em setembro fechou em R$ 22.464.692,30, o que acarretou uma redução na previsão da cota em cerca de R$ 27,50.

Observamos que os fatores que mais contribuíram para a redução do custo foram do Hospital Alemão Oswaldo Cruz que em agosto foi de R$ 2.722.296,54 e em setembro de R$ 453.296,89. Ou seja, uma redução de R$ 2.269.003,65. Ocorreu, também, uma redução relevante no custo do Hospital Edmundo Vasconcelos, que em agosto foi de R$ 631.846,59 e em setembro de R$ 59.174,72. Portanto, uma redução de R$ 572.671,87. Aqui, é importante dizer que o faturamento dos hospitais difere do momento das internações. O hospital tem até 90 dias para faturar e muitas vezes ocorrem atrasos devido a contestações da auditoria, análise de contas da Amafresp ou erro do Hospital. Tais fatos podem gerar essas grandes diferenças nos custos de um mês para outro.

Abaixo apresentamos os custos totais das assistências por tipo de procedimento, nos quais observamos uma redução no valor das internações em relação a agosto no valor de R$ 744.5550,67, sendo que em agosto foi de R$ 13.449.215,90 e em setembro foi de R$ 12.704.665,23, o que representa uma redução de cerca de R$ 21,00 por cota:

Tipo de Atendimento08/ago09/set
Atendimento DomiciliarR$ 334.311,25R$ 513.327,49
ConsultaR$ 869.992,34R$ 1.121.385,87
exame ambulatorialR$ 4.378.357,03R$ 4.017.884,37
InternaçãoR$ 13.449.215,90R$ 12.704.665,23
outras terapiasR$ 788.508,75R$ 820.419,02
Pequena CirurgiaR$ 309.622,56R$ 292.464,28
pequeno atendimento (sutura, gesso e outros)R$ 380.182,86R$ 307.849,45
Pronto SocorroR$ 720.174,34R$ 698.477,44
QuimioterapiaR$ 1.724.269,53R$ 1.503.812,39
RadioterapiaR$ 169.394,17R$ 151.640,83
RemoçãoR$ 87.577,45R$ 94.244,00
TelesSaúdeR$ 26.377,53R$ 53.352,62
Terapia Renal Substitutiva (TRS)R$ 204.870,19R$ 185.169,31
Total GeralR$ 23.442.853,90R$ 22.464.692,30

*A diferença entre o valor total no mês de agosto, com relação ao relatório anterior, refere-se à prorrogações de   ocorridas faturamentos, após a geração do relatório anterior, a fim de equalizar o valor da cota.

Quando observamos as dez internações mais caras em setembro, verificamos que o custo reduziu em certa de 13,7% (R$ 390.0000), conforme tabela abaixo:

Pacientesago/21set/21
1R$ 527.337,94R$ 502.758,88
2R$ 396.159,78R$ 303.602,83
3R$ 330.388,01R$ 264.657,85
4R$ 280.872,95R$ 229.605,31
5R$ 260.653,83R$ 221.705,41
6R$ 223.712,04R$ 218.887,62
7R$ 221.808,88R$ 211.708,26
8R$ 218.856,71R$ 179.011,43
9R$ 217.754,87R$ 169.231,63
10R$ 174.993,80R$ 159.363,61
TOTALR$ 2.852.538,81R$ 2.460.532,83

Como já dissemos no relatório anterior, no custo total da tabela acima não estão computadas as glosas (faturamentos não recebidos ou recusados das organizações de saúde, por problemas de comunicação entre clínicas e convênios), que entram como receita no cálculo na cota e, portanto, diminuem o custo final.

Aqui é importante destacar o alto custo dos OPMEs (órtese, prótese e materiais especiais) nas internações. Como exemplo, a internação do paciente 4 da tabela acima teve um custo total de internação de R$ 229.605,37 e o custo do material, que no caso foi um dispositivo cardíaco (cateter impella CP CVAD), representou 70% do valor (R$ 161.000,00). Tal fato corrobora ao que dissemos acima sobre a importância da cotação e compra direta com os fornecedores dos OPMEs pela Amafresp.

Quanto à compra de materiais e medicamentos, em agosto, esses itens somaram R$ 1.086.751,75 e, em setembro, temos a previsão de pagamento de R$ 1.056.369,12, não gerando grandes diferenças no valor da cota.
Em agosto, recebemos R$ 2.450.003,39 em receita de reciprocidade, enquanto, em setembro, temos a previsão de recebimento de R$ 2.206.587,09. Quanto às receitas de coparticipação e franquia, recebemos R$ 99.036,69 em agosto e, em setembro, temos a previsão de receber R$ 37.952,39.

No cálculo final, para chegar ao custo e assim ao valor na cota, entram, ainda, a despesas com reembolso, taxa de administração e algumas outras despesas gerais que são devolução de cotas, depósito que a Afresp faz em juízo de 4% do valor do Cofins, referente às aplicações financeiras, como investimentos do recurso Amafresp (fundo de reserva, fundo da ANS etc.) que, em setembro, são respectivamente R$ 135.000,00; R$ 1.666.022,07 e R$ 20.000,00. Nesse item, entra também a receita com Compensação de INSS que é de R$ 147.000,00.

No cômputo geral, em setembro, a previsão é de que teremos uma redução no valor da cota na ordem de R$ 10,76 (cota real de agosto R$ 635,34 e cota prevista para setembro R$ 624,58).

Para finalizar, conforme prometido, estamos finalizando o painel de indicadores da Amafresp. Em breve, será disponibilizado para consulta de todos os filiados. Nele, todos poderão acompanhar mês a mês, além da evolução dos custos da Amafresp, o custo por faixas etárias, a segmentação dos custos entre capital e interior, entre outros. A intenção é tornar todos os AFRs especialistas na Amafresp.

Por último, insistimos na importância de todos os filiados acompanharem no nosso site e redes sociais os vídeos sobre como usar o plano de forma consciente e de participarem das discussões que estão por vir. Se cada um fizer sua parte, conseguiremos achatar a curva da cota.